Nessas viagens absolutamente esquizofrênicas
, eu conjurei em francês
as mais absurdas figurações
procurando adjetivos de olhos fechados.
Eu noto o cambaleio do lustre de luz negra
cair sobre o fosfeno
na perdição dos lúcidos de água fria,
pele polida, coração vago.
Não há monstro que habite esses corpos,
silhuetas eróticas,
olhares vazios
[ perdidos
na linha do não
e do talvez ]
Vejo nada mais do que estrelas;
gravitação universal.
Pirueta no espaço, aterrisso
risonha na mais linda lua:
carne crua, desejos metálicos,
rosto disforme na quimera entre cacos.
domingo, 29 de junho de 2014
quinta-feira, 26 de junho de 2014
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Quem tem * tem medo.
Tem remédio pra esquecer
Remédio pra dormir
Remédio pra acordar
Remédio pra não sentir
Aí você abre o microondas
Derruba o remédio
Ele se parte no chão
E leva embora uma esperança de que tudo vai dar certo
Você se ajoelha e agarra com tanta força
Como se sua vida dependesse disso
A força faz com que cortes se abram em suas mãos
E o sangue se espalha sobre o que você mais gostava de fazer
Sangrando e se machucando, você chora
E lá está, no chão de sua cozinha:
Uma poça de esperança de dias melhores
Uma poça de sangue
E uma poça de lágrimas.
Se levanta, engole o choro, arruma a bagunça e retira os cacos de passado da sua mão
E então toma um remédio para curar seu descuido;
Um para curar sua insanidade;
Um pra curar a dor;
Um pra não morrer;
Um pra parar de chorar;
E outro pra esquecer (não vou completar).
Paz.
Marcadores:
desastrado,
let it burn,
nem um pouco triste,
Pê,
quer mais que se foda
sábado, 21 de junho de 2014
sexta-feira, 20 de junho de 2014
Solstício de inferno
Nada,
monumento algum seria capaz
de acalmar a minha palma
como as folhagens de outono.
Esse é o último dia da brisa
náutica, calmaria sem cais,
sem retorno, sem caos,
bonança cáustica.
São as secas gracilianas
que pestanejam atrozes
sob o cílio que arde.
E eu? me afogo no mar escarlate,
estilhaço no fogo que gela,
no aceno que parte.
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Eu, eu, eu, eu.
É que eu sou assim
Eu corro atrás do que não gosta de mim
Eu deixo pra lá o que corre por mim
Eu desisto quando chego no final
E esqueço do que prometo lembrar
Da alça errada
Acabo lembrando do ódio que senti
E da vontade de socar paredes
E aquele sorriso todo que vira um nada
Diante à tua face imóvel
Eu acabo procurando no incrível mundo
Fotos e momentos não tão meus
Só pra poder sentar do teu lado e dizer algo
Eu escondo as palavras
Porque não quero que você as entenda
Eu finjo, eu minto, eu corro
Eu morro, as vezes
Me culpo, sumo, volto, te deixo e te quero
Umas três vezes ao dia
Pra no final dizer "ta tudo legal. E aí?"
Acabo por pagar de palhaço
Encarno mil homens
Sinto sua paixão
Digo as coisas mais erradas
Por querer
Só pra ver a reação
E se eu me tornasse assim
Tão louco
Por você?
Por mim?
É como se eu quisesse todos os sentimentos que eu puder sentir em uma única noite
E eu quero
Você
Essa
Noite
Sem
Falta
.
terça-feira, 17 de junho de 2014
Eu me sentiria mal se isso fizesse sentido pra você
No fim,
todo mundo é
meio torto.
Todo mundo carrega o fardo
na farda,
no olhar.
No fundo
me ocorre que
na ponta do pé
torto
todo mundo é daltônico.
No começo
do fim
do meio
nada nunca fez e nunca fará sentido.
E nem precisa, porque no fim e na metade
quem liga?
todo mundo é
meio torto.
Todo mundo carrega o fardo
na farda,
no olhar.
No fundo
me ocorre que
na ponta do pé
torto
todo mundo é daltônico.
No começo
do fim
do meio
nada nunca fez e nunca fará sentido.
E nem precisa, porque no fim e na metade
quem liga?
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Assuma.
Eu tentei, saca. Eu juro que tentei.
Eu fui mais fundo, eu puxei mais ar.
Segurei minha respiração, assim como tive calma e paciência.
Cheguei a lugares que achei que nunca chegaria. Dormi chorando por algumas noites, deixei de dormir por outras.
Fiz com que a minha vida dependesse de coisas pequenas e sem graça. Sem emoção, persegui um brilho de esperança lá no fundo e a cada vez mais fui perdendo partes de mim com total vigor para alcançar um pouco.
SÓ UM POUCO.
APENAS UM POUCO.
Eu perdi a cabeça, perdi as memórias, eu deixei de viver por um ou dois dias.
Eu tentei.
Eu consegui.
Eu perdi.
Eu fiz TUDO DE NOVO.
Sabe que talvez eu seja assim mesmo, todo torto. Estranho. Simples.
Mas tenho o que sentir. Eu quero sentir.
E eu quero um amor e eu quero promessas e quero músicas e todo esse drama.
Meu pai me ensinou uma coisa desde pequeno:
Se você mata alguém, a culpa é toda sua. Quer fazer algo, vai lá e faz. Mas carregue o peso nas costas depois.
Não coloque a culpa em coisas ou em pessoas.
Se eu corri pelos desertos mais quentes e naveguei nos mares mais fundos, a culpa é toda minha.
Mas cortar as minhas pernas e me naufragar é culpa sua.
Assuma.
quinta-feira, 12 de junho de 2014
você se foi, mas se deixou
mas só parte de você ficou
mas qual parte, me diz, meu bem
mas por que não?
half of yourself
só tem uma parte aqui, meu amor
só tem um pouco do seu cheiro
só tem um pouco dos seus traços
halfofyourself
três fios do seu cabelo
duas gotas do seu amor
um fastasma seu
halfofyorself
eu quero conhecer tudo
sentir tudo
viver tudo
-er tudo
mas volta, meu bem
"se você for me soltar me avisa para eu fechar os olhos, não vai doer se eu não me ver cair"
mas só parte de você ficou
mas qual parte, me diz, meu bem
mas por que não?
half of yourself
só tem uma parte aqui, meu amor
só tem um pouco do seu cheiro
só tem um pouco dos seus traços
halfofyourself
três fios do seu cabelo
duas gotas do seu amor
um fastasma seu
halfofyorself
eu quero conhecer tudo
sentir tudo
viver tudo
-er tudo
mas volta, meu bem
"se você for me soltar me avisa para eu fechar os olhos, não vai doer se eu não me ver cair"
quarta-feira, 11 de junho de 2014
É, pois é
Não há
Lá
Tristeza
Tereza
Triste
Que valha
Navalha
A pena
Apenas
Pena
Que flutua
Na tua
Lua ou
Rua.
Lá
Tristeza
Tereza
Triste
Que valha
Navalha
A pena
Apenas
Pena
Que flutua
Na tua
Lua ou
Rua.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
desassossego, porque estamos sendo dizimados
naquela
linda avenida
se vê
uma linda
singela
como o lado
do asfalto
procura-se
a lágrima
perdida
naquela
infinita
cordilheira
sem salto
escorre
o bueiro
no palco
o sangue
dos vermes
que habitam
o asfalto
impunes
tremores
calados
acolhem
a noite
linda avenida
se vê
uma linda
singela
como o lado
do asfalto
procura-se
a lágrima
perdida
naquela
infinita
cordilheira
sem salto
escorre
o bueiro
no palco
o sangue
dos vermes
que habitam
o asfalto
impunes
tremores
calados
acolhem
a noite
de olhos
fechados.
Marcadores:
Bê,
existencialismo idiota,
fazer,
mais,
não sabe,
o que,
passagens urbanas
terça-feira, 3 de junho de 2014
E agora, José?
Refletiu
Brilhou
Soltou
Desapegou
Me perdi
Escondi
Sofri
Menti
Eu achei que era mais que isso
Eu achei que sabia
Aí eu vi seus olhos
E sua boca abriu
Será que se eu esticar muito os braços
E ficar na ponta dos pés
Consigo alcançar o céu?
segunda-feira, 2 de junho de 2014
A canção mais feliz do mundo
começaria com uma nota qualquer de sax tenor
assim, bem baixinha,
acompanhando a curvatura do seu lábio inferior.
As notas mais graves enaltecem o entrelaçar das mãos
enquanto você foge dos tons agudos do mundo,
(eu realmente queria que Sinatra fosse imortal)
para criar um acorde que ninguém mais conhece.
O refrão gira em algumas náuseas, a ponte é interditada
com uma placa de "pare" e sirenes de cores mornas,
mas poderíamos dançar por entre as batidas experimentais,
pela bagunça do estúdio, pelos backing-vocals estremecidos
e pelas demos nunca gravadas.
Não. Eu sei que você pausou a música.
Não liga o rádio, não, a transmissão é ruim.
Senta aqui e vem compor mais uma comigo.
Uma costa para outra costa
Hoje eu dormi sem camisa
Na esperança de você vir
Me acordar
E dizer que as minhas costas são bonitas.
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