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sexta-feira, 11 de julho de 2014

A rua / Autobiografia não autorizada

Eu atravessei a rua e olhei pra cima
Você voava e cantava com suas milhões de cores 
Explodia no ar
Uma beleza

Aí te acorrentaram
E você gritava e implorava por socorro
E eu nada podia fazer, já que não posso voar
Então eu apenas observei e chorei, quando cheguei em casa

Aí eu acordei
E foi você mesma quem se acorrentou. 

/

Logo pensei: eu só posso ser muito idiota.
Por entre nós e lençóis, "eu te amo"s não dados e sujeira nos olhos, reflito: só posso ser muito idiota. 
De levar cada tombo e subir mais uma vez, não com vontade de acertar, mas com a intenção de se esfolar de novo. 
Querendo aparecer e ao mesmo tempo recluindo. De soltar e largar milhões de vezes só pra saber como é estar em perigo. De ter medo de atravessar a casa escura, mas no fundo esperando que um fantasma apareça e me assuste. 
Eu quero rir quando não é hora. Faço piada quando não vale. Falo mil besteiras para que pelo menos uma faça sentido. 
Tento te convencer de que a vida é bela e engraçada, mas estou sofrendo pelo olhar. 
Estouro, perco a calma.
Peço desculpas por rir e por chorar. Não ligo. Ligo. Ligo muito.
Peco pela experiência. Acho que posso. Tenho medo de tentar, mas tento.
Melhor pedir perdão do que permissão. 
"Você não tem noção do ridículo?", disse ela. Tenho. Choro escondido. 
Aprendo sozinho. Peço ajuda quando preciso. Ouço a mesma coisa várias vezes, se ainda faz sentido. 
Mesmo quando não faz. 
Não sou melhor nem pior.
Só não sei. 
Nunca sei. 

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