autor: Ayrtton Fonseca autor: Bárbara Tanaka autor: Giovana Anschau autor: João Basso

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Esse blog pode ser sobre todos nós.

Esse blog não é sobre você. 
É sobre nós e essa coisa que fica na nossa cabeça rodando nosso cérebro enquanto ficamos rastejando no mundo procurando respostas. 

Não é tão dramático assim, na verdade. Permita-me rir. Ha. 

Não sofro de insônia, mas sou muito fã de avenidas. Principalmente à noite. Lembro dos domingos que tardavam a demorar e da tristeza que sentia quando era hora de ir embora. No carro do meu pai voltávamos pra casa fofocando sobre nossa família enquanto eu me debruçava e esperava passar por aquela avenida cheia de luzes que pareciam nunca ter fim. 
Hoje tá tão fácil. Eu pego um ônibus e posso passar por aquela mesma avenida dia ou noite. Sozinho ou acompanhado. Triste ou feliz. 
E é esse o preço da liberdade e do amadurecimento; você os tem, mas não sabe o que fazer com eles. 
{
Eu li sobre você gostar de cheiros em ti
Me pergunto se estava se referindo a mim
}

"I lay awake and strap myself in the bed
With a bulletproof vest on and shoot myself in the head"

Eu acho esse verso tão divertido. Além de ser uma piada fantástica, é o que venho fazendo há muito tempo. Me mantendo seguro e sendo o responsável pela minha própria desgraça.

Eu tô me punindo mentalmente por alguma coisa. Tá difícil.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Singela

"Não poderia dizer, mas gosto de você."

Estou procurando por esses tênis a mais de três anos e não acho. Não sei nem se estão pela casa. Talvez não queiram ser achados, mesmo.

"Eu gosto de você, mas não quero admitir."

Tá tudo torto e eu preciso me preocupar com coisas mundanas nesse momento. Chegou o fim de semana e eu senti alguma coisa. 
E aí, João? 
Tá feliz? 
Pra tudo tem um jeito? 
Tudo dá certo no final? 
Você aprendeu alguma coisa quando abriu aquela pasta? 

"Você é a coisa mais especial do mundo pra mim, mas hoje a noite eu tô cansada de você."

Eu sou essa moto grande que toma seu espaço entre os carros. Essa batida repetitiva que você consegue ouvir dos fones de ouvido de outra pessoa. Aquela mão maliciosa que deixa seu coração acelerado. 

"Você fica tão engraçado quando tá preocupado." 

E é o tipo de carinho que eu preciso. São as palavras que não tenho medo de dizer para checar sua reação. É o ridículo que não tenho medo de passar para saber se está tudo bem. É a bagunça que eu vou tentar arrumar nessa segunda feira. É a inveja que eu vou parar de ter e ser finalmente gente.

"Você tá especialmente bonito hoje. Vem cá."

As coisas vão ficar mais simples hoje. Quanto mais você faz um caminho, mais curto ele se parece, não é mesmo? Eu venho fazendo esse caminho por anos, então deve ser fácil. Vai tudo dar certo.

"Eu te amo. Não vivo sem você. Por favor, não some."

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Eu lembro sempre dos detalhes mais perversos

Ah, lembrei.

Era só mais um dia muito nublado numa manhã muito gelada em que eu, surpreendentemente, tinha muita vontade de assistir aulas.
(
João, você sabe qual era a razão de você querer assistir aulas.
)
Ok, eu sei.

Te encontrei no meio do caminho e você estava como sempre: normal, mas nem tanto. Sempre teve esse ar de bailarina requintada. Fiquei surpreso.
"Por que existe doença no mundo? Que droga!" Você disse, rindo e coçando o nariz. Tinha pego um resfriado ou algo assim.
E eu podia ter calado a boca e forçado uma risada fraca.
(
Mas aí que tá, querido. Essa pergunta retórica bateu na sua cabeça que nem um míssil. E quando essas perguntas batem, você não se segura, certo? Certo. Eu sei, eu sei.
)
Ok, ok. Fica quieto. Dói quando você fala essas verdades, sabia?

(
Alguém tem que falar a verdade por aqui, de vez em quando.
)
Que saco.

Então, retomando: foi mal, eu me exaltei e comecei a falar sobre doenças e o mundo numa empolgação um tanto patética. Acho que esperei muito de você numa manhã gelada e agora você acha que eu sou idiota.
(
João, isso faz mais de 5 anos.
)
Eu sei, mas ficou na minha cabeça. Que tal você parar de guardar os detalhes, hein?

(
Nah, você ainda vai lembrar do nariz dela levemente vermelho e do cachecol azul-bebê.
)
UUUUUUNNNNNNRRRRRGHHHHHH